plural

PLURAL: os textos de Neila Baldi e Noemy Bastos Aramburú


Sem palavras
Neila Baldi 
Professora universitária

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Inominável. Energúmeno. Néscio. Boçal. Inepto. Capetão. Canalha. Psicopata. Genocida. Enquanto tu lias estas linhas, um(a) brasileiro(a) morreu de Covid-19. A cada 45 segundos uma pessoa está morrendo da doença no Brasil.

Como disse Márcia Tiburi, em junho do ano passado, elegemos um torturador. E estamos sendo sistematicamente torturados(as) com a perversidade de ocorrer na maior crise sanitária mundial.

Infelizmente, não posso falar tudo o que penso, para não proferir "manifestação desrespeitosa e de desapreço". Chega a ser irônico, pois todos os dias esse cidadão faz isso conosco. Mas, a partir do que ocorreu no final de semana, eu acrescentaria uma palavra: mau-caráter.

A Secretaria de Comunicação do desgoverno publicou informação sobre os repasses aos Estados. Um lindo mapa com números irreais. Na segunda-feira, o inquilino do Planalto retuitou, agredindo governadores(as). Mais um crime.

Segundo o mapa, o governo gaúcho recebeu R$ 40,9 bilhões - no bolo estão repasses obrigatórios previstos na Constituição. De recursos extras, foram R$ 3,05 bilhões sendo R$ 826 milhões carimbados para a saúde.

E por que é mau-caratismo? Porque quando um órgão oficial publica dados - usando como fonte o Portal da Transparência - pressupõe-se que não estejam distorcidos. Quando o chefe replica, dá aval às informações. E o que ocorre? As pessoas replicam, sem questionar, e ainda dizem que quem mente são os(as) governadores(as) e a imprensa. O governador Eduardo Leite precisou chamar coletiva de imprensa para explicar os números. Perder tempo com guerra de informação.

O saudoso Aldir Blanc já nos falava: "Eles venceram e o sinal está fechado pra nós". A guerra da desinformação foi vencida. A guerra da Covid-19 também. O vírus vence, pois tem como aliado o chefe mor da nação.

Enquanto eu escrevia este texto - duas horas - 160 brasileiros(as) morreram. Quando hospitais estão superlotados, a mortalidade aumenta. Segundo o professor da UFRGS, Alexandre Zavascki, o RS já apresenta a quarto maior número de óbitos semanais por 100 mil/habitantes (7,07), atrás do AM (10,7), RO (9,6), RR (8,8). Dados dos últimos 7 dias, ou seja, vai piorar.

Desde o final de janeiro os casos estavam em alta vertiginosa. Mas em um país desgovernado, parece que ninguém acompanha números.

O chefe da nação sabota todas as iniciativas de combate ao coronavírus. Portanto, quem ainda apoia esse ser é recebe os mesmos adjetivos que ele. Todos nós precisamos reagir. Não podemos nos tornar cúmplices no crime de lesar a humanidade. Como disse o Xico Sá: impeachement ou morte 

Onde está o respeito, guria?

Noemy Bastos Aramburú
Advogada, administradora judicial, palestrante e doutora

style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">Se um vovô nascido nos anos 1940 lesse a reportagem que li no Jornal da Cidade do dia 01/03/2021 intitulada "Procuradora da República sugeriu forjar provas para tentar incriminar Bolsonaro", certamente diria: onde está o respeito, guria? Se uma adolescente lesse a mesma reportagem diria: uma procuradora da República pode agir assim, chamando o presidente de lixo e tentando mentir para incriminá- -lo? Que respostas poderíamos dar a estas duas gerações, tão distantes pela idade, mas tão próximas pela descoberta de novas etapas em suas vidas?

Que isso não deveria acontecer por vários motivos. Primeiro: uma pessoa que ocupa este cargo, deve ter consciência do que seja respeito. Segundo, o cargo de procurador da República é nomeado pelo presidente. Terceiro: toda pessoa que ocupa este cargo tem o dever de fiscalizar o cumprimento da lei. Se ela descumprir a lei básica, ou seja, o respeito, como pode exigir cumprimento de lei e respeito pela posição que ocupa?

Esse atitude nada mais é do que o reflexo do que estamos vivendo, onde a meritocracia justifica minhas atitudes, os "meus direitos" justificam minha fala; o direito de expressão me permite dizer o que quero e como quero a qualquer pessoa. E se eu for mulher e negra, então nem se fala. Pois estou atrás de duas couraças, a de ser mulher e a de ser negra, pois posso envolver o assédio e o racismo.

Mas pergunto, onde esta o direito do outro? Bom o do outro é do outro. Se eu consigo me ajeitar, ele que se dane. É exatamente isso que temos vivenciado. Pessoas com suspeita de Covid andando entre os demais,outros com parentes em casa com diagnóstico confirmado indo trabalhar, fazendo com que a fiscalização tenha que ir até a empresa para retirá-lo do ambiente de trabalho.

FALTA EMPATIA

Essa falta de consciência, de respeito e de empatia é que tem levado muitas pessoas a contaminação e a morte. Revestem-se de um discurso frívolo, que não se sustenta. Basta uma leitura singular para verificar que suas falas não se sustentam, que não há verdade, mas distorção da verdade. Entretanto, algo lhes escapa ao entendimento. A sociedade é inteligente. Ela não se deixa levar pela emoção de um discurso bonito, de um cargo importante, muito menos de uma ideologia política barata. O povo está cansado, não aceita mais estes discursos comprados em prateleiras de mercado. Pois, a pandemia serviu para separar o joio do trigo, revelando antenado de cargos de governadores, presidentes. Enfim, de usar a pandemia como degrau para interesses particulares.  Os Geppetto estão de olho. Cuidem-se Pinóquios!

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